segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Simplesmente Especial!

Nascida com o Sol em Peixes...ooops, o que significa isso? Bem...

O último signo do zodíaco mistura uma pitada de cada um dos onze anteriores - a infantilidade de áries, a sensualidade de touro, a suscetibilidade de câncer, a maleabilidade de gêmeos, a magnanimidade do leão, a acuidade de virgem, o mimetismo de libra, a sagacidade do escorpião, a benevolência de sagitário, uma certa reserva própria de capricórnio e uma tendência a desligar típica de aquário. Com tantos atributos contraditórios somados numa só pessoa, o peixes só poderia ser o que é: um tímido.

Nem um replicante conseguiria exprimir essa coisa toda, e o peixes desiste de se fazer entender antes mesmo de começar, refugiando-se no mais seguro mundo da fantasia, onde toda (aparente) incongruência é bem-vinda. Um peixes introspectivo, portanto, é praticamente um pleonasmo. Ele prefere comunicar-se com aquele olhar vago e enternecedor, seguido de gestos doces e delicados, completados por um único comentário extremamente sensível - mas, quem diria, surpreendentemente na mosca. Peixes, como escorpião, é um signo que saca tudo de cara - uma espécie de detector de mentiras ambulante, o que provavelmente contribui para acentuar seu ar melancólico. Ao contrário do escorpião, porém, que saca e corta a bola imediatamente, os piscianos vacilam na hora de reagir. Um peixes pode intuir que o camarada ao lado é um perfeito patife, mas nada, em seu sistema imunológico, o leva a proteger-se adequadamente. Talvez porque, ao contrário de escorpião, peixes enxergue sob a superfície de todo patife um ser tão desprotegido quanto ele e o restante da humanidade. Ou porque, no fundo, não se abale muito com as patifarias alheias.

Peixes é o símbolo do cristianismo, e sua palavra de ordem é transcender. Não deixa de ser uma boa política: já que as barbaridades que sua intuição constantemente pesca por aí não tem muito jeito nem conserto, ele prefere fechar os olhos e passar batido. A única ressalva é que esta política de resistência passiva às vezes só funciona entre os acólitos do sr.Ghandi, e não com o taxista que o rouba na corrida, o sócio que o rouba no escritório e o melhor amigo que lhe roubou a mulher. Como a natureza poética de peixes, contudo, lhe permite sublimar a vontade, estas bobagens do dia-a-dia não o atingem muito. Ele pode se safar da condição de vítima pintando, compondo ou pondo em versos toda esta chateação. Com seu talento natural, terá uma carreira arrasadora. No ramo da fantasia, peixes será sempre the best.

Voltando a história principal, se casou aos 21 anos sem nem mesmo ter terminado o 2º grau. Trabalhava no Instituto Adolpho Lutz na área de Tuberculose. Adorava a área da saúde.
Aos 22 anos nasce sua primeira filha, motivo pelo qual deixou o instituto anos mais tarde. Aos 26 anos nasce sua 2ª filha. Dedicação total ao lar e as filhas.
Em 89/90 voltou a estudar e terminou o colégio e prestou vestibular. Em 92 começa a cursar Letras, se formando em 95. Já lecionava português e francês na rede estadual. Deve ter sido por volta de 97, prestou e passou no concurso público para o cargo efetivo de professor da rede estadual. Mais ou menos nessa época começou a lecionar no Pereira Barreto, Lapa. Nessa época prestou um concurso para a área de coordenação. Ela passou mas não conseguiu assumir imediatamente o cargo em nenhuma escola próxima. Não demorou mundo o próprio Pereira Barreto a chamou para assumir a área. Mesmo ainda comemorando suas conquistas, já pode perceber como era difícil a tarefa. Além dos problemas pedagógicos do dia-a-dia, havia questões inerentes ao SER. Lembro-me uma vez que chegou em casa chateada, pois um aluno a procurara para desabafar. Era dependente químico, drogas pesadas, tinha entre 15 e 16 anos. Ele dizia estar extremamente cansado, que não tinha forças pra lutar contra o vício mas ele também não queria mais se drogar. Ele não procurava conselhos, ou práticas milagrosas, somente alguém que lhe escutasse. Deve ter saído de lá mais leve, pois conseguiu o que aparentava ser o seu desejo. Mas ela se sentiu pequena, incapaz afinal como ajudar aquele jovem? Porque ele a havia escolhido para conversar? O que ele realmente precisava?
Alguns dia depois, voltando do almoço, ela encontrou uma equipe de resgate lutando por salvar um jovem bem na calçada da escola, ela correu para ver quem estava sendo atendido e para sua surpresa, era o mesmo jovem que a procurara dias antes. Infelizmente os bombeiros não conseguiram o reanimar e ele faleceu na calçada, vítima de uma overdose. Não preciso nem dizer como ela ficou.
Meses mais tarde ela adoeceu gravemente. E foi tudo tão de repente. Resumindo bem a história, foram quase 5 meses de internação, remédios fortes, exames todos os dias, alimentação por cateter, mudanças entre quarto normal e quarto de UTI, onde ela pegou uma bactéria muito forte e devido ao seu estado já bem debilitado, ela não resistiu e faleceu.
O pessoal do Pereira Barreto que terminou seu último projeto, que foi o de reestruturação da biblioteca da escola, a homenageou batizando a nova biblioteca com o seu nome. Não sabemos se ainda continua seu nome lá, pois já foram tantas mudanças naquela escola.
O fato é que já são 7 anos e meio sem ela e definitivamente ela FOI ESPECIAL não só para mim e para minha irmã. Ela fez diferença em muitos outros corações. Ela foi simplesmente especial. E espero que ela continue fazendo o BEM de onde quer que ela continue trabalhando. Ela é eterna.



Obrigada Mãe. Te amo!

3 comentários:

  1. Passei pra deixar um beijao...
    Saudades de ti...
    Adorei o texto... e a foto mais ainda...

    Te pokeei no orkut...olha la... Bjk

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  2. Minha amiga querida...
    a gente percebe o bem que ela fez ao gerar uma filha tão maravilhosa quanto você!
    Estou do seu lado, você está ao meu lado e nossas mães nos guiando lá em cima!!
    linda a foto!

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  3. aháaa..agora que me desbloquearam, vou escrever ...rs

    QUE história linda.. não é a toa que vc é assim...tão ESPECIAL!!!

    Vc é o xerox, a mini da sua mamis...LINDAS!!!
    Um beijo no seu coração,
    mini dri

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